Marco Feliciano debate Bíblia e Constituição no Pânico

O Programa Pânico no Rádio, da Jovem Pan, é um dos mais populares da rádio brasileira. Transmitido de segunda a sexta entre o meio-dia e as 14h, seu público são os jovens. Além do humor, uma de suas marcas é a pluralidade dos entrevistados.
Nesta última terça-feira (28), enquanto recebia os humoristas do Porta dos Fundos, o nome do deputado Marco Feliciano foi citado. Ele ligou para o rádio reclamando das declarações e protagonizou um embate com Gregório Duvivier que teve grande repercussão na mídia em todo o país.
Convidado para estar ao vivo nesta sexta-feira (01), ele foi sabatinado pelos integrantes do programa. Durante quase duas horas, Feliciano respondeu a perguntas, desmentiu boatos e pregou o evangelho. Alternando momentos que falou como deputado federal e outros em que se posicionou como pastor evangélico, ele fez uma série de esclarecimentos sobre suas posturas públicas.
Além de contar sobre as dificuldades vividas na infância e como teve a vida transformada pelo evangelho. Relembrou a perseguição que passou a viver após assumir a presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara, em 2013.
Listando uma série de declarações polêmicas feitas no passado e que tem sido usada contra ele até hoje, fez questão de explicar que se arrepende de muitas delas. Justificou que foram ditas em um contexto específico e que era “muito imaturo”. Asseverou que não as faria novamente hoje.
O pastor Marco revelou que por causa da perseguição política de grupos LGBT acabou forçado a fechar igrejas de sua denominação, Catedral do Avivamento. Como teve bastante tempo para se posicionar, aproveitou para esmiuçar várias acusações falsas feitas contra ele, que incluíram a “derrubada” de cerca de 150 páginas de internet feitas para atacá-lo.
Apesar das eventuais provocações de alguns membros do Pânico, acabou elogiado inclusive por Evandro Santo, um homossexual assumido. Ele chamou o pastor de “civilizado” e “educado”, dizendo no final da entrevista: “muitas ideias minhas sobre você mudaram”.
No decorrer do programa, o parlamentar acabou falando em diferentes momentos sobre as questões que o estigmatizaram por conta do enfoque negativo que a mídia geralmente apresenta. Voltou a explicar que não é homofóbico e que não votou contra a criminalização da homofobia pois o assunto sequer foi para o Plenário da Câmara.
Insistiu que defende a Constituição, que não reconhece a união de pessoas do mesmo sexo como família, sublinhando que sua atuação política sempre foi conservadora. Sendo assim, como político defende o direito de todos se manifestarem e lutarem pelos seus direitos, incluindo os LGBT.
Fazendo um contraponto, usou a questão da ‘cura gay’ para ilustrar como a intolerância muitas vezes parte das próprias minorias. Traçou um paralelo com a postura de grupos que não permitiram mudanças na PL 122, que criminalizaria, por exemplo, um pastor que afirmasse que homossexualidade “é pecado”.
Além de usar vários versículos para mostrar em que se baseia nas questões de foro íntimo, lembrou a todos que a maioria dos brasileiros é conservador e que a “guerra cultural” que divide o país hoje foi iniciada e é instigada por movimentos de esquerda.
“Nós estamos no país da corrupção”, afirmou ele, observando que esse é um aspecto que infelizmente está entranhado na cultura nacional. Ao responder sobre a atuação de alguns colegas do Congresso, deixou claro que isso não significa que todos sejam assim. “Tenho muitos defeitos, mas não sou corrupto”, sublinhou.
Por fim, explicou que não será candidato a prefeitura de São Paulo, mas entende que os 4% de intenção de votos atribuídos a ele por uma pesquisa recente mostram que o povo deseja políticos com um perfil diferente.
Comparou isso à ascensão da pré-candidatura de Jair Bolsonaro, a qual mostra que, apesar das declarações polêmicas, a postura conservadora na política tem recuperado sua força no cenário nacional.

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