‘Comecei a receber propina em 97, 98′, diz ex-gerente da Petrobras

Imagem: Divulgação
Pedro Barusco
“Comecei a receber propina em 97, 98. Foi uma iniciativa pessoal minha, junto com o representante da empresa. De forma mais ampla, em contato com outras pessoas da Petrobras, [passei a receber propina] a partir de 2003, 2004″. A declaração é do ex-gerente da petroleira, Pedro Barusco, que presta depoimento na CPI da estatal, nesta terça-feira (10), em Brasília.


Investigado pela operação Lava Jato, Barusco chegou à Câmara na parte da manhã, acompanhado de sua advogada e não falou com a imprensa. Após realizar o juramento, o antigo gestor contou que sua ascensão na Petrobras até o cargo de gerente se deu por indicação técnica. “Não tive nenhum contato político, nenhuma indicação política”, disse

“Eu fazia parte da diretoria de Serviços, é uma diretoria que presta serviço para outras diretorias. […] Então, os ilícitos que relatei foram todos contratos da diretoria de Serviços”, explicou Barusco.

Ele negou que distribuía propina para políticos, e explicou como o repasse de vantagens ilícitas era feito. “O envolvimento de agentes políticos era feito no momento da divisão do quantitativo da propina”, afirmou. Segundo Barusco, João Vaccari, tesoureiro nacional do PT, era o responsável por repassar ao partido parte da propina.

Ainda em depoimento, o ex-gerente da Petrobras disse que “estima” que o PT tenha recebido algo em torno de US$ 150 mi e US$ 200 mi. “Cabia a mim, uma quantia, e eu recebi. Cabia ao PT uma outra quantia, o dobro. E eu estimo que pode ter sido até US$ 150 milhões a US$ 200 milhões. Não sei como o João Vaccari recebeu, se recebeu. Se foi doação oficial, se foi conta lá fora. Existia uma reserva de propina para o PT”, falou.

“A primeira ação efetiva do cartel que eu percebi foi na Refinaria de Abreu e Lima e depois no Comperj”, contou Barusco, referindo-se ao Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro, em Itaboraí, na Região Metropolitana do estado.

“A gente sentiu uma atuação dessas empresas bem integradas. As ações para quebrar, para baixar preços”, revelou Barusco, que ainda completou: “Na minha avaliação, não houve superfaturamento [na Refinaria de Abreu e Lima e no Comperj]. Porque os contratos foram fechados dentro do limite estabelecido pela companhia. O cartel trabalhou fortemente e articuladamente para levar esse limite para o limite superior. Mas dentro do limite”.

Questionado sobre quem recebeu propina nas obras do Gasene, Barusco disse: “Eu, Renato Duque, e a parte relativa ao partido, o PT. A gente sempre combinava esse tipo de assunto com o João Vaccari. Agora, isso cabia ao Vaccari gerenciar. Ele que era o responsável. Não sei como ele recebia, como distribuía”.


Fonte: O Dia

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