Pesquisa mostra que maioria rejeita influência de igrejas na eleição em SP


Segundo o Datafolha, 70% não votariam em candidato apoiado pela Igreja Universal. Número de eleitores que admite votar em alguém com apoio de igreja é pequeno, mas pode fazer diferença.

A maioria dos eleitores de São Paulo rejeita a influência das igrejas na eleição para prefeito, revela a última pesquisa do Datafolha na cidade. 

O instituto fez duas perguntas diretas aos eleitores. Primeira: você votaria num candidato apoiado pela Igreja Universal do Reino de Deus? Segunda: e se fosse alguém apoiado pela Igreja Católica? 

Nos dois casos, o "não" venceu com larga vantagem: 70% dizem que não votariam num candidato apoiado pela Universal, e 57% dizem que rejeitariam um nome patrocinado pela Igreja Católica. 

Poucos eleitores admitem votar num candidato apoiado abertamente por uma das duas igrejas. Mas o número de eleitores que aceita a influência religiosa é expressivo o bastante para fazer diferença numa eleição competitiva como a de São Paulo. 

Segundo o Datafolha, só 5% dos eleitores dizem que votariam em alguém apoiado pela Igreja Universal. Se um candidato tivesse o apoio da Igreja Católica, 9% dizem que votariam nele para prefeito. 

A Universal é liderada pelo bispo Edir Macedo, dono da TV Record, e tem 126 mil adeptos na capital, de acordo com o Censo 2010, do IBGE. Os católicos somam 6,5 milhões, ou 58% da população. 

A influência religiosa tem sido uma das questões mais debatidas na campanha eleitoral de São Paulo. Em parte, isso ocorre por causa da presença de membros da Universal no comando da campanha de Celso Russomanno (PRB), que tem 30% das intenções de voto e lidera a disputa. 

O PRB é presidido por Marcos Pereira, bispo licenciado da Universal. Outros nomes da executiva da sigla também têm ligações com a denominação evangélica. Russomanno, que faz questão de dizer que é católico, tem repetido que a Universal não terá nenhuma influência em sua administração se for eleito. 

Há alguns dias, a Arquidiocese de São Paulo, liderada pelo cardeal dom Odilo Scherer, divulgou uma nota insinuando que a vitória do candidato do PRB representaria uma ameaça à democracia. 

O texto foi redigido após a circulação de um artigo de Pereira vinculando a Igreja Católica a uma cartilha anti-homofobia que o governo pensou em distribuir em escolas. 

Dias depois, Russomanno recebeu um aceno de outro líder católico. Dom Fernando Figueiredo, bispo da Diocese de Santo Amaro, disse confiar muito "na sinceridade, honestidade e no modo de agir e pensar" do candidato. 

O Datafolha também investigou se, na opinião dos eleitores, a Universal e a Igreja Católica estão apoiando algum dos três candidatos mais bem posicionados na disputa. Apesar do esforço que alguns adversários têm feito para ligar Russomanno à Universal, a quantidade de eleitores que enxergam apoio da igreja a ele é minoritária. 

Para 37%, a Universal o sustenta. Outros 63% não sabem responder, acham que ela é neutra ou está trabalhando contra o candidato. 

Já a Igreja Católica é vista por 17% como apoiadora de José Serra (PSDB), candidato que, desde o início da disputa eleitoral, mantém uma frequente agenda de visita a cultos de igrejas evangélicas. 

Para cerca de 40%, a Igreja Católica tem se mostrado neutra em relação aos três principais candidatos. 

A pesquisa mostra ainda que a nota da arquidiocese contra Russomanno pode não ter sido percebida como ato de oposição ao seu nome Somente 14% dos eleitores dizem que a Igreja Católica atua contra o candidato do PRB. 

O Datafolha ouviu 1.799 pessoas em 26 e 27 de setembro. A margem de erro da pesquisa é de dois pontos para mais ou para menos. 

Fonte: Folha de São Paulo

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