Parlamentares mostram despreparo e cometem gafes ao comentar direitos de TV


Se alguém tinha esperança de que o Congresso poderia definir o imbróglio político do futebol brasileiro, se decepcionou. Piadas, gafes, falta de conhecimento sobre o tema e apelos por determinadas regiões marcaram a participação de senadores e deputados na primeira audiência pública sobre a venda dos direitos de TV do Brasileirão no Senado, na última terça-feira.
O evento foi organizado pela Comissão de Educação e Esporte do Senado, mas também contou com diversos parlamentares da Câmara. As “estrelas” eram Andrés Sanchez, presidente do Corinthians, e José Francisco Manssur, representante do São Paulo, que tentariam esclarecer o tema às excelências. O que se viu, no entanto, foi uma mistura de despreparo com vontade de pegar carona na popularidade do tema.  
A participação mais performática foi justamente a última, protagonizada pelo senador Magno Malta (PR-ES). Ele começou respondendo a uma pergunta sobre o motivo de o Flamengo ter torcida maior que o Vasco. “É que urubu vem voando e bacalhau só importado”. Em seguida, ele fez um discurso antitabagista ao formular uma pergunta para o corintiano Andrés Sanchez, fumante contumaz.
Magno Malta
Malta ainda confundiu alhos com bugalhos na hora de cobrar um cargo para colegas de Congresso. “Por que o presidente da APO [Autoridade Pública Olímpica, que cuida dos Jogos Olímpicos de 2016] tem de ser o Ricardo Teixeira? Poderia ser o Romário ou o Danrlei, que têm história como atletas. É como o Beckenbauer foi para a Alemanha”, disse o senador, citando os hoje deputados que também estavam presente no encontro.
Ele só “esqueceu” que o presidente da APO será Henrique Meirelles, ex-presidente do Banco Central. Ricardo Teixeira preside o Comitê Organizador da Copa do Mundo de 2014, mesmo cargo do ex-jogador alemão Franz Beckenbauer na organização do Mundial de 2006, no país germânico.
Sobrou até para o técnico da seleção brasileira. “O Mano Menezes que deveria dar o exemplo para os jovens virou garoto-propaganda de marca de cerveja, mamãe me acode. Viva o Pelé, que nunca aceitou fazer propaganda de bebida alcoólica”, disparou Malta.

AS "PÉROLAS" DE MAGNO MALTA

"É que urubu vem voando e bacalhau só importado"
Ao tentar explicar porque a torcida do Flamengo é maior do que a do Vasco
"Por que o presidente da APO [Autoridade Pública Olímpica, que cuida dos Jogos Olímpicos de 2016] tem de ser o Ricardo Teixeira? Poderia ser o Romário ou o Danrlei, que têm história como atletas. É como o Beckenbauer foi para a Alemanha"
Senador "apenas" se esqueceu que Henrique Meirelles será o presidente da APO
"O Mano Menezes que deveria dar o exemplo para os jovens virou garoto-propaganda de marca de cerveja, mamãe me acode. Viva o Pelé, que nunca aceitou fazer propaganda de bebida alcoólica"
Sobrou até uma crítica ao treinador da seleção

Já o senador Álvaro Dias (PSDB-PR) reclamou de não poder trocar de canal quando está assistindo a um jogo para acompanhar outro, pois as duas emissoras (Globo e Band) transmitem a mesma partida do Brasileiro.
Inconformado por não saber quanto a Globo pagará ao Corinthians, o deputado Ribamar Alves (PSB-MA) afirmou que a emissora tem a obrigação de revelar a quantia, pois os canais de TV são concessões públicas. Ele disse já ter encaminhado o pedido para a Globo. Mais de uma vez Andrés teve de responder porque não divulga quanto seu clube irá receber e sempre alegou existir uma cláusula de “confiabilidade”, que na verdade é de “confidencialidade”.
A senadora baiana Lídice da Mata começou sua participação dizendo conhecer Andrés de debates na Bahia, onde, segundo ela, o cartola é investidor. O corintiano evita falar de seus negócios particulares. Ela também se referiu ao time paulista como o dono de maior torcida do país, ignorando as pesquisas que dão esse título ao Flamengo.
Outra senadora, Marisa Serrano, sugeriu que seja criado um fundo com parte do dinheiro gerado pelo contrato de transmissão para ajudar clubes que estão fora da elite nacional. A iniciativa ajudaria, entre outros, os times do Estado dela, Mato Grosso do Sul.
Várias vezes, Andrés e o são-paulino José Francisco Manssur responderam a perguntas básicas, como o que acontece se num jogo cada equipe tiver assinado com uma emissora diferente. A maioria dos senadores também pediu para que os cartolas briguem para que sejam vetados jogos a partir das 22h. Queriam saber se os clubes têm poder para definir o horário.
O desconhecimento não foi exclusividade dos parlamentares que compareceram à audiência como convidados. Lídice da Mata, requerente do encontro, foi uma das que quis tirar dúvidas superficiais sobre o tema, como qual era o risco do torcedor não assistir a uma partida do Campeonato Brasileiro por causa da disputa, e se contentou com explicações simples dos palestrantes, que no geral não foram muito exigidos.
Com a audiência em andamento, Eduardo Suplicy (PT-SP) apareceu na sala apenas para cumprimentar os dirigentes, principalmente Andrés, que recebeu afagos do senador. Bem mais discreto, o deputado Romário (PSB-RJ) acompanhou a sessão inteira sem se manifestar, ao lado do ex-goleiro Danrlei (PTB-RS), que cobrou atenção dos cartolas aos torcedores.
O fim da audiência não foi suficiente para encerrar as gafes. Mais tarde, Malta, aquele da piada do urubu, disse na plenária do Senado que tinha se encontrado com os presidentes de Corinthians e São Paulo, errando a patente de Manssur, advogado tricolor.

OUTRAS POLÊMICAS DOS PARLAMENTARES

A senadora baiana Lídice da Mata referiu-se ao Corinthians como "time de maior torcida do país" - e não o Flamengo, como indicam pesquisas
A senadora Marisa Serrano sugeriu a criação de um fundo para ajudar clubes que não faze parte da elite nacional - o que beneficiaria clubes do Estado dela, Mato Grosso do Sul
O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) apareceu na sala apenas para cumprimentar os dirigentes presentes à audiência pública.

Fonte:UOL Esporte

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